A GRANDE VIAGEM EM DOCTOR WHO

by - fevereiro 21, 2021


Doctor Who é uma série de 2005 derivada de uma versão mais antiga, iniciada em 1963. No enredo, acompanhamos um extraterrestre, conhecido como Doutor, que viaja pelo tempo e espaço com alguns companheiros para resolver problemas e lutar com diversas criaturas do universo que ameaçam a segurança da Terra ou de outros planetas.

Eu tinha interesse na obra desde que ingressei no “mundo dos seriados”, por volta de 2016, o que não faz tanto tempo assim. Geralmente no meu círculo social online, a grande maioria das pessoas que assistiam Sherlock e Supernatural — duas séries que em 2016/2017 eram bem presentes na minha vida — também acompanhavam a famosa série britânica de ficção científica. Então por muito tempo, eu senti que iria amar a série e por quase 5 anos criei uma ligação e carinho especial com a obra sem ter assistido um episódio sequer. Pode parecer bobagem, mas isso realmente aconteceu e é algo bem comum até hoje. Antes de apreciar a obra em si, consigo ter noção se vou realmente gostar e se ela pode ser especial ou não. Claro que algumas me surpreendem e isso é ótimo! Mas com Doctor Who, eu sempre senti algo ali e confesso que tinha medo de não ter minhas expectativas correspondidas. Além disso, essa demora era devido suas longas temporadas e seu rico universo que acabavam me assustando e afastando minha iniciativa de realmente começar a série.

A princípio, quis começar pela obra clássica (1963–1989), já que particularmente opto por sempre assistir tudo em ordem cronológica, e assim, tentar compreender melhor o universo. Porém, por influência de outros fãs que relataram suas experiências começando com a série de 2005, pensei que não teria problema ir por aquele caminho que parecia tentador e mais curto como uma primeira vez.

Eu assisti o 1°episódio da 1°temporada de Doctor Who no dia 4 de setembro de 2020, por volta das 17 horas. Eu tenho isso registrado em minha mente (e nas minhas redes sociais), porque considero um momento especial. Em uma tarde de sexta-feira eu tive o primeiro contato com a obra. Hoje, 117 dias depois disso, percebi que essa série de televisão me levou para lugares extraordinários e me fez ver o gênero ficção científica com outros olhos, além da arte como um todo.

No primeiro episódio, fui apresentada a TARDIS — A nave espacial e máquina do tempo — e ao Doutor, interpretado naquele momento por Chris Eccleston. No mesmo episódio, surge Rose Tyler (Billie Piper), que a princípio me agradou como personagem. Aquele contato inicial foi crucial, eu não era tão familiarizada com o gênero ficção científica, estava conhecendo algumas obras aos poucos e Doctor Who teve um papel muito importante desde o início até o momento, pois a cada episódio, eu era levada a uma viagem com situações que posso caracterizar como cômicas, curiosas e atrativas, parte disso devido ao jeito especial que o Eccleston conseguiu atuar como o extraterrestre em todos os episódios da primeira temporada.

Vale ressaltar que os efeitos especiais não me incomodaram nas primeiras temporadas, já que estou habituada a ver seriados e filmes desse mesmo ano, principalmente do gênero fantasia.

O personagem do Doutor acabou se tornando uma das minhas coisas favoritas neste tempo que estive apreciando a obra. Algo que me impressionou desde o princípio foram suas diversas regenerações. Cada versão da personalidade dele me encantava e me ensinou sobre sua história de vida ao decorrer do seriado. Não pude assistir desde o primeiro Doutor, já que não conferi a série clássica, mas eu acompanhei a trajetória dele desde a oitava regeneração, interpretado pelo Eccleston.

Cada um deles me ensinou algo sobre o personagem, é difícil descrever isso em palavras, não só na escrita como oralmente. Mas realmente era algo que eu gostava de assistir, conhecer e analisar enquanto assistia.
No oitavo, eu conheci a gentileza, no nono (David Tennant), a solidão, no décimo (Matt Smith), a humanidade, no décimo primeiro (Peter Capaldi), a inteligência e na décima segunda (Jodie Whittaker), um certo carisma. Claro que escrevo isso de uma forma muito resumida, não consigo descrever cada um com apenas uma palavra. E em alguns casos, como a última doutora atualmente, da Whittaker, eu ainda estou absorvendo e refletindo sobre.

Cada um deles influenciou e muito a minha grande viagem. Assim como os seus “companheiros”, que são personagens que também trocavam conforme as temporadas mudavam.

Os especiais de natal fizeram meu espírito natalino crescer, o que não é algo comum. Eu não tinha isso desde a infância, com a animação “O Expresso Polar” do Robert Zemeckis. Claro que não eram todos que apresentavam esse efeito em mim, tenho alguns favoritos em mente, mas no geral poderia dizer que todos são cruciais na construção da minha experiência como um todo.

O que mais me agradou nessa viagem de 117 dias — que ainda não chegou ao fim — foi o imprevisível e previsível ao mesmo tempo. A série é cheia de clichês, a maioria voltada à morte do Doutor, mas também apresenta episódios com situações e personagens que eu sequer imaginei que alguém teria capacidade de criar algo tão ridículo e incrível ao mesmo tempo. Eu vi muitas coisas bonitas, muitas coisas feias também, conheci personagens interessantes que me deixavam curiosa para saber mais, conheci personagens que eu não aguentei de tão chatos. Assisti episódios que não me agradaram tanto, mas também vi outros que eu amei e entraram na minha lista de coisas favoritas da televisão. Conheci a magia, a ciência, o natural e sobrenatural ao mesmo tempo, tudo em uma única viagem, em um único episódio.

Quando você aperta o play, entra na TARDIS e tem sua primeira viagem com o Doutor, você não volta como a mesma pessoa, porque você procura por mais, porque você quer conhecer mais lugares, pessoas e coisas nesse universo tão rico e glorioso que se pode explorar. É por isso que a série é diferente de outras pela minha percepção. Você também é um companheiro ali dentro, um que não precisa ir embora, a não ser que desista de acompanhar o seriado.

O que não foi uma escolha feita por mim, eu vi as 12 temporadas até o momento, pretendo acompanhar a série e também assistir a série clássica. Só que para ser sincera, acho melhor não ir com pressa, ainda quero escrever e refletir melhor sobre essa série e todo esse rico universo que eu devorei nesses últimos meses.

Não posso dizer que me arrependo de ter assistido tudo tão rápido, mas também não posso dizer que me arrependo, porque eu criei minha experiência nesse ritmo um tanto frenético e sinceramente, eu estou bem satisfeita com a minha grande viagem pelo tempo e espaço.

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