Albúm "Carrie & Lowell" de Sufjan Stevens. |
Desde o final do ano passado, 2019, venho apreciado com muita paixão o trabalho do cantor e compositor Sufjan Stevens. Posso dizer que recentemente ele é o artista musical que eu mais tenho escutado. Apesar de gostar muito dos álbuns “Illinois” de 2005, “The Age of Adz” de 2010 e “The Avalanche” de 2009, o que me conquistou completamente, e acredito que conquistou a maioria do público também, foi “Carrie & Lowell” de 2015.
Com onze músicas cantadas e escritas pelo artista, consegui me apaixonar por todas, sem nenhuma exceção. Há outros álbuns que eu definitivamente gosto bastante, mas nenhum como esse. Há uma peculiaridade nas letras e na melodia de todas as canções que resulta em uma ligação forte comigo. É um misto de sentimentos, desde melancolia a esperança, tristeza a alegria ou fortes crises existenciais com diversas reflexões sobre a vida, o amor, o universo e principalmente nós mesmos.
Claro que posso me encontrar um pouco emocionada no momento, mas diria que é isso que as canções desse álbum fazem comigo. Alguns podem apenas escutar e achar uma música ok, outros podem achar tristes demais, e de fato, algumas são mesmo, mas isso não tira a beleza delas. Particularmente, eu resumiria o álbum “Carrie & Lowell” como canções de um paraíso imperfeito.
Para que o post não ficasse tão longo, resolvi apenas colocar o meu trecho favorito de cada música e um pequeno comentário. E claro, não sou nenhuma especialista em música, não entendo nada dessas partes técnicas, gosto apenas de apreciar, cantar e sentir.
1. Death with Dignity
“Spirit of my silence I can hear you
But I’m afraid to be near you
And I don’t know where to begin
And I don’t know where to begin”
A forma como a canção expressa dúvida, medo, desejo e insegurança de ficar perto da pessoa amada, que pode ser qualquer uma, tanto no sentido amoroso ou familiar, me traz um sentimento de conforto, apesar de fazer vir à tona pensamentos que me fazem mal. No entanto, a melodia é tão graciosa que me encanta, não consigo ficar triste ouvindo! Há alguns trechos não fazem quase nenhum sentido para mim, mas ainda consigo apreciar a primeira música do álbum, que começa super bem!
2. Should Have Known Better
“I’m light as a feather
I’m bright as the oregon breeze
My black shroud
Frightened by my feelings
I only wanna be a relief
No, I’m not a go-getter
The demon had a spell on me
My black shroud
Captain of my feelings
The only thing I wanna believe”
Esse trecho mexe bastante comigo, diria que a música toda. Não é atoa que é uma das minhas favoritas do álbum. O ritmo é um tanto animado, mas com uma letra que expressa arrependimento e medo pelos próprios sentimentos, além de ter uma nostalgia com memórias da infância.
3. All of Me Wants All of You
“On the sheet I see your horizon
All of me pressed onto you
But in this light you look like Poseidon
I’m just a ghost you walk right through”
Essa eu realmente não tenho capacidade para expressar o meu amor em palavras. A música é perfeita do início ao fim, toda a grandiosidade de sentimentos e poesia em uma só arte, em uma só canção. Meu deus, Sufjan nessa aqui você foi muito inteligente, meus parabéns.
É minha música favorita do álbum por contar memórias sobre uma pessoa especial que ainda é almejada. Cheio de momentos nas quais às vezes achamos que lidamos e não nos importamos mais, sendo que quando percebemos, estamos afundando novamente nesses mesmos momentos. É um afogamento de desejo, saudade e oração por algo distante.
4. Drawn To The Blood
“For my prayer has always been love
What did I do to deserve this?
With blood on my sleeve
Delilah, avenge my grief”
Eu amo o som do violão dessa aqui, de verdade, me acalma de uma maneira impressionante. Confesso que essa música é a que eu mais gosto de tirar sarro com o cantor, digo que ele escreve canções que mesclam o “cristianismo com a viadagem”. Mas de qualquer forma, eu sinceramente não tenho muito o que dizer sobre a letra além de compreender o sentido de indignação!
5. Eugene
“For the rest of my life, admitting the best is behind me
Now I’m drunk and afraid, wishing the world would go away
What’s the point of singing songs
If they’ll never even hear you?”
Definitivamente uma das músicas mais gays de todo o álbum. Essa em particular me agrada bastante por falar de um amor antigo, um sentimento que não foi esquecido ou perdido. A forma como ele conta uma história tão simples e ao mesmo tempo fofa através da canção me deixa com um sentimento soft. A vibe é muito boa também, diria que sinto nostalgia lembrando de momentos que nunca vivi!
6. Fourth Of July
“Did you get enough love, my little dove?
Why do you cry?
And I’m sorry I left, but it was for the best
Though it never felt right
My little Versailles”
Com certeza a música mais triste do álbum, na minha opinião. Sinto somente tristeza ouvindo as perguntas acompanhadas por apelidos carinhosos, todas com esse sentido aberto a conclusão de uma grande perda. Quando ele diz repetidas vezes “We’re all gonna die”, eu começo a ter uma grande crise existencial, gerando pensamentos sobre eu ter aproveitado a minha vida ou não. É muito profundo esse sentimento.
Não queria deixar de fora o fato que eu associo bastante essa música ao filme “Grave Of The Fireflies” (de 1988, dirigido pelo Isao Takahata) devido a um vídeo que ficou bem conhecido no Youtube, você pode encontrar ele aqui.
7. The Only Thing
“In a veil of great disguises; how do I live with your ghost?
Should I tear my eyes out now?
Everything I see returns to you somehow
Should I tear my heart out now?
Everything I feel returns to you somehow”
Acho que o fato da primeira frase terminar com a palavra “carro”, em inglês, fez eu associar a música a um momento road trip da minha vida que nunca aconteceu. Eu tenho um desejo profundo em ouvir ela enquanto dirijo por uma estrada longa. “The only thing that keeps me from driving this car” é o fato de eu não saber dirigir e não ter esse carro mesmo, mas de resto a gente pode sonhar com um futuro que talvez não esteja tão distante.
8. Carrie & Lowell
“Under the pear tree
Shadows and light conspiring
Covered bridge, I scream
Cottage grove shade invite me”
Além dessa música ter o nome do álbum, ela é talvez a minha menos favorita. Não quer dizer que eu não goste, eu gosto bastante até. Tem uma vibe muito gostosinha que me agrada muito. Acho que só pelo fato de eu não entender quase nada da letra da música deixa ela em último lugar mesmo, mas de qualquer forma é muito conceitual!
9. John My Beloved
“So can we be friends, sweetly
Before the mystery ends?
I love you more than the world can contain
In its lonely and ramshackle head
There’s only a shadow of me
In a manner of speaking I’m dead”
Eu gosto muito dessa música. Associo bastante ao Sherlock Holmes e o John Watson. Sim, eu sou uma grande apoiadora de johnlock.
Talvez a melodia e ritmo da canção me agradam mais do que a letra em si, mas de qualquer forma, me sinto muito bem escutando, apesar de que no fundo ela tem um ar de tristeza. É aquela coisa, né? Se me lembra Sherlock, logo, me faz muito bem.
10. No Shade In The Shadow Of The Cross
“There’s blood on that blade
Fuck me, I’m falling apart
My assassin
Like casper the ghost
There’s no shade in the shadow of the cross”
Talvez outra música na lista de “Sufjan mesclando o cristianismo com a viadagem”, mas nem tanto. Eu acho essa uma das músicas mais conceituais do álbum, tem uma vibe muito boa que faz eu viajar demais nos meus pensamentos. Como a música é meio curta, tenho vontade de colocar ela em um loop de horas e horas para tentar refletir sobre diversas coisas. Já fiz isso, na verdade… acontece às vezes.
11. Blue Bucket Of Gold
“Raise your right hand
Tell me you want me in your life
Or raise your red flag
Just when I want you in my life”
E por último, mas nem por isso menos importante, muito pelo contrário, temos Blue Bucket Of Gold! Eu acho que tudo nessa música é perfeito, 4 minutos e 45 segundos de pura magnitude e tristeza. Talvez a letra expressando um amor não correspondido e o acompanhamento da voz tão graciosa e linda do Sufjan Stevens, não sei… Faz eu sentir tudo e absolutamente nada ao mesmo tempo, é inexplicável.
O álbum é um dos meus favoritos da vida. O fato de eu já ter escutado diversas vezes não me impede de escutar mais ainda.